Todos os Pontos
No decorrer do ano de 2008, ano que antecede o centenário do Poeta Patativa do Assaré, escolas, grupos literários e outros tipos de instituições, promoveram eventos para homenagear o nosso genial ‘vate da mão calosa’. A maioria destes movimentos funcionou mais com o propósito de exibir em público, as suas poesias em memoráveis recitais, sem levar a obra do poeta a uma discussão didática.
Muito embora, não deixemos de reconhecer que as declamações dos poemas do genial Patativa, sejam muito simpáticas a todos os gostos. Será essa a razão para se reconhecer que o poeta serrano do Assaré, é o mais preferido entre os vates do seu tempo, por contar com todos os públicos que se possa imaginar.
Mas, neste momento ímpar na história do poeta, será bastante conveniente que se abra um leque de estudos sobre a obra, a vida e os resultados das suas cobranças, como fez assim o Instituto Cidades, nos dias 18 e 19 de dezembro em Fortaleza.
A verdade, é que o Instituto foi bem ousado. Buscou parcerias e fez o seu evento no Dragão do Mar, mobilizando pontos de cultura aqui do Ceará e um de Brasília, grupos de reisados, maracatus, quadrilhas juninas, grupos musicais, poetas populares e clássicos, intelectuais, estudiosos da obra de Patativa, grupos teatrais, erguendo um enorme “balceiro” com tudo aquilo tinha gancho na obra e na vida do poeta da Serra de Santana. Bem heterogêneo foi o público, dele fazendo parte estudantes da educação básica e superior, gente culta, gente inculta, gente de todas as idades e até os turistas que visitavam a Capital durante o evento.
O que se viu no Dragão do Mar, foi aquilo que mais Patativa amou em vida: a sua poesia na boca do povo. A sua lavra poética que ele retirou da convivência na comburida terra sertaneja. Porta-voz de um povo consumido pela miséria, Patativa traduziu em versos as angústias de uma gente desprezada, humilhada e tratada com indiferença pelas autoridades e pela própria sociedade preconceituosa.
Ali no Dragão do Mar, quem esteve lá viu, que os versos de Patativa estão vivos e fortes como uma pedreira. Que ainda são eficientes na cobrança de uma sociedade justa e igualitária.
Os adolescentes brincantes das quadrilhas juninas cantavam músicas de Patativa, sem errar um pé, desenvolvendo coreografias que lembravam as mensagens contidas nas letras. Na mesma sintonia, os demais grupos evoluíam a cada apresentação dando alma e carinho a lira do poeta. Enquanto isso, o público fazia coro com os grupos nas interpretações de ‘A Triste Partida’, ‘Vaca Estrela e boi fubá’, ‘Estrada da minha vida’, ‘Seu doutor me conhece?’, entre muitas.
Com esse evento, se tinha o Instituto Cidade o objetivo de visualizar a presença de Patativa nos gêneros literários, na arte do versejar e na musicalidade, certamente deve dar-se por satisfeito. Da mesma forma, se queria conferir o nível de popularidade do poeta e da, sua lavra.
Feliz também ficou o público que não arredou o pé do Dragão do Mar. No auditório, sempre lotado, palestrantes e debatedores observaram que Patativa sobrevoou quase todas as escolas literárias, dividindo a sua lavra entre o lírico e o social. E que o poeta assareense teve uma musa bastante generosa, que o fez gênio tanto na poesia popular como na ode clássica, encontrando-se ele entre os grandes poetas da Língua Portuguesa.
Quem foi ao Dragão do Mar entre os dias 18 e 19 de dezembro, se já era apreciador da poesia de Patativa, com certeza, de agora para frente será um eterno amante. Pois, pode até não ter saído um especialista em Patativa, mas pelo menos encontrou outros motivos mais para adotar a obra do poeta como livro de cabeceira.
Espera-se que outras instituições sigam o exemplo do Instituto da Cidade, promovendo conclaves para enaltecer a obra de Patativa, como instrumento que sai em defesa das marginalizados. Parabéns o Instituto Cidade e os parceiros que viabilizaram este momento de grandeza na cultura do nosso povo.
Editorial.
Jesus Leite – Rádio Dinâmica FM – Carius – Ce.
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